Casos de racismo no futebol ainda têm poucas punições

Levantamento revela que ofensas racistas a jogadores brasileiros seguem sem punições efetivas, mesmo com o aumento de registros nos últimos anos

Por Plox

01/04/2025 16h17 - Atualizado há 22 dias

O recente episódio envolvendo Luighi, atleta da equipe sub-20 do Palmeiras, voltou a colocar em destaque o problema do racismo no futebol sul-americano. Durante uma partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores, o jogador foi alvo de uma hostilidade racista, quando um torcedor imitou um macaco em sua direção.


Imagem Foto: Redes Sociais


Esse tipo de comportamento, infelizmente, não é isolado. Nos últimos dois anos, diversos jogadores brasileiros foram vítimas de atitudes semelhantes, tanto em competições nacionais quanto em partidas disputadas fora do país. O g1 apurou o andamento de onze desses casos de grande repercussão, e o panorama revela um cenário desanimador: embora haja algumas multas aplicadas, especialmente pela Conmebol, as condenações judiciais seguem escassas.



Nos quatro casos registrados fora do Brasil, todos aconteceram durante jogos da Libertadores. Mesmo com provas e repercussão, nenhuma prisão foi efetuada, tampouco houve desdobramentos judiciais. A fase de grupos da principal competição do continente começa agora, e o histórico preocupa: clubes brasileiros frequentemente são alvo de ataques racistas em jogos internacionais.



Um levantamento realizado pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol mostra um crescimento alarmante desses episódios. Somente em 2023, foram documentados 136 incidentes racistas envolvendo jogadores, torcedores, árbitros e membros da comissão técnica, tanto nos estádios quanto nas redes sociais e demais espaços ligados ao esporte. Esse número representa um aumento de quase 40% em relação a 2022, quando houve 98 registros, e mais do que o dobro em comparação com os 64 casos de 2021.



O estudo também evidenciou os casos sofridos por atletas brasileiros que atuam no exterior. Em 2023, 26 episódios foram registrados, sendo que o atacante Vinicius Jr., do Real Madrid, foi citado em 12 deles. A entidade ainda não divulgou os dados relativos a 2024 e 2025.



Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório, destacou que o aumento nas denúncias pode indicar uma maior conscientização da sociedade, torcedores e jogadores em relação ao que caracteriza o racismo.
\"Como o tema tem cada vez mais sido discutido, há mais pessoas atentas\", afirmou ele.

No entanto, Carvalho pondera que a efetividade das punições ainda deixa a desejar.
\"Até existe punição em muitas situações, mas o que é determinado não fica de agrado com o que a sociedade gostaria\", completou.


Entre os clubes que estiveram envolvidos em episódios de racismo nos últimos dois anos estão Atlético Mineiro, Internacional, Corinthians, São Paulo, Fortaleza, Bahia, Grêmio, Athletico Paranaense e Palmeiras. Em alguns casos, as torcidas foram responsáveis pelas ofensas, como ocorreu com a do Internacional e a do Corinthians. Em outros, os próprios atletas relataram atitudes discriminatórias dentro de campo. Apesar da gravidade das denúncias, a maior parte das punições se resumiu a multas administrativas ou ações internas.



O cenário aponta para a urgência de medidas mais severas e eficazes, tanto dentro quanto fora dos gramados, para que o futebol deixe de ser palco da intolerância racial.


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