Haddad vê com estranheza possível nova tarifa dos EUA contra o Brasil
Ministro da Fazenda critica eventual nova taxação dos EUA e alerta para impactos negativos no comércio global
Por Plox
01/04/2025 15h56 - Atualizado há 22 dias
Durante sua participação em um evento com o ministro das Finanças da França, Éric Lombard, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a possibilidade de os Estados Unidos imporem uma nova rodada de tarifas sobre produtos brasileiros. Para ele, a medida seria inesperada, principalmente considerando que a balança comercial entre os dois países favorece os norte-americanos.

Haddad explicou que atualmente os Estados Unidos exportam mais para o Brasil do que importam, o que significa que qualquer medida adicional de taxação por parte do governo norte-americano poderia ser vista como contraditória.
“Causaria estranheza uma decisão dessas, dado que os EUA têm superávit na relação comercial com o Brasil”, declarou o ministro.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende divulgar nesta quarta-feira (2) novas tarifas recíprocas a parceiros comerciais, data que ele chamou de “Dia da Libertação”. Entretanto, até o momento, os detalhes dessas possíveis sanções ainda não foram especificados.
Trump já havia mencionado, em fevereiro, a intenção de aplicar tarifas com base na reciprocidade. Na ocasião, ele citou o etanol como exemplo, afirmando que o Brasil cobra 18% sobre o produto vindo dos EUA, enquanto os americanos mantêm uma tarifa de apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro. Segundo dados apresentados pela Casa Branca, em 2024 os Estados Unidos importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, mas conseguiram exportar apenas US$ 52 milhões para o mercado brasileiro.
Segundo Haddad, o mundo poderá entender melhor as intenções norte-americanas a partir do anúncio oficial. Contudo, ele alertou que medidas protecionistas dessa natureza podem provocar sérios efeitos sobre a economia global.
Na semana anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou sobre o tema, condenando as tarifas impostas sobre o aço e o alumínio brasileiros. Em entrevista no Japão, Lula afirmou que, caso o recurso do Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC) não traga resultados, poderá retaliar com a aplicação de taxas sobre produtos americanos. No entanto, ele não especificou quando o país adotaria tal medida.
Enquanto o governo brasileiro aguarda o anúncio oficial das novas diretrizes comerciais dos Estados Unidos, a expectativa é de que o posicionamento do país norte-americano tenha implicações diretas nas relações bilaterais e no cenário do comércio internacional.