Enem 2025 será realizado em dois domingos em todo o Brasil, com exceção em cidades do Pará
Prova ocorre em 9 e 16 de novembro, mas em Belém, Ananindeua e Marituba será em 30 de novembro e 7 de dezembro por causa da COP30
Durante anos, um esquema bilionário envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) operou silenciosamente, afetando diretamente milhares de aposentados em todo o Brasil. Documentos internos revelam que 27 das 40 entidades com Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para aplicar descontos em contracheques estavam diretamente ligadas a empresas suspeitas ou lobistas, investigados pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Essas entidades, ao longo das últimas duas décadas, contrataram empresas controladas pelos próprios dirigentes ou associadas a suspeitas de fraudes. Muitas dessas contratações eram formalizadas por meio de assinaturas fraudulentas e procurações entregues por intermediários conhecidos no meio político e empresarial. Em diversos casos, os mesmos lobistas representavam múltiplas associações, sem que o INSS tivesse identificado irregularidades.
Uma figura central no escândalo é Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de Careca do INSS. Ele apareceu em ao menos sete processos com documentos, procurações e e-mails enviados à Diretoria de Benefícios do órgão, incluindo petições assinadas por Maria Inês Batista de Almeida — ex-presidente da Ambec e funcionária de uma empresa ligada ao operador Maurício Camisotti, morto em 2024. A Ambec, sozinha, movimentou cerca de R$ 500 milhões em descontos de aposentados entre 2021 e 2025.
Outras entidades também mantinham vínculos diretos com Antunes ou seus sócios. A Abenprev, por exemplo, alugava um imóvel de Domingos Sávio, parceiro do lobista em call centers. Entre as empresas que usavam a digital de Antunes em documentos, estão nomes como Keeper, Cebap, Unsbras, AP Brasil e Asabasp. Em seus contratos, Antunes recebia comissões de até 27,5% sobre novas filiações.
A atuação não se restringia a Antunes. A advogada Cecília Rodrigues Motta, apontada pela PF como operadora do mesmo esquema, teria recebido R$ 14 milhões de entidades investigadas e feito repasses para familiares de ex-dirigentes do INSS. Um dos beneficiados seria o filho do ex-diretor André Fidelis, que recebeu R$ 520 mil.
Outros intermediários, ainda fora do foco da PF, também surgem nos documentos. O advogado Cecílio Galvão, ligado à Unibap, e Pietro Lorenzoni, filho de Onyx Lorenzoni, aparecem com procurações de aposentados para representar entidades. Grupos como AAPB, CAAP, Cinaap e Asabasp contrataram advogados de diferentes regiões para atuar junto ao INSS.
Casos ainda mais graves envolvem o uso de empresas dos próprios dirigentes para validar assinaturas e biometria dos aposentados. A Power Bi Tech, de Igor Delecrode, criou plataformas de validação usadas por oito entidades que arrecadaram R$ 1,4 bilhão. Em um processo, a geolocalização apontava que a assinatura digital de um idoso foi feita a 580 km de onde ele morava, o que levou à condenação da associação.
A AASPA, fundada por Anderson Ladeira após sua saída do banco BMG, também está sob investigação. Ele usou fichas produzidas pela empresa Dataqualify, da qual é sócio. Outro nome investigado é Thiago Schettini, dono da Pagglo, contratada pela Keeper. A empresa Confia, ligada ao Sindnapi — cujo vice-presidente é o irmão do presidente Lula — também está sob investigação por contratar serviços de identificação biométrica.
As acusações se estendem ainda à ausência de critérios claros nos contratos. Entidades enviaram fichas sem QR Codes, com documentos repetidos e até com imagens idênticas aos RGs dos beneficiários. Em meio à pandemia, Antunes solicitou que filiações fossem aceitas apenas com assinaturas digitais.
Procurados pelo Metrópoles, os envolvidos não responderam até o fechamento da matéria. A empresa Confia, em nota, afirmou que atua de forma legal e transparente, e que apresentou à CGU relatórios completos de auditoria com dados de geolocalização, certificações digitais e registros de prova de vida.
"Esses contratos fazem parte de um conjunto grande e diversificado de clientes, sendo que em todas essas operações o resultado é de extrema confiabilidade e segurança jurídica", declarou a empresa em nota.
O caso segue em investigação pelas autoridades federais e já movimenta intensamente a CPMI do INSS no Congresso Nacional.
Prova ocorre em 9 e 16 de novembro, mas em Belém, Ananindeua e Marituba será em 30 de novembro e 7 de dezembro por causa da COP30
Prova ocorre em 9 e 16 de novembro, mas em Belém, Ananindeua e Marituba será em 30 de novembro e 7 de dezembro por causa da COP30