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Caminhões poderão reduzir até 17% das emissões de CO₂ com tecnologia da UFMG

Material inovador retém o gás poluente durante a combustão e permite sua reutilização industrial

10/02/2025 às 13:27 — por Redação Plox

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Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram uma tecnologia inovadora capaz de filtrar o dióxido de carbono (CO₂) emitido pelo sistema de combustão de caminhões. Durante testes recentes, o material conseguiu capturar entre 7,7% e 17,2% do gás poluente. Essa descoberta, fruto de um trabalho de duas décadas no Departamento de Química da UFMG, tem o apoio de grandes empresas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Foto: Arquivo Agência Brasil 

Testes em condições reais
Diferente de estudos limitados a laboratórios, os testes foram realizados em situações reais de circulação. Em um percurso de aproximadamente 170 quilômetros, abrangendo trechos rodoviários, urbanos e rurais, a eficiência da captura variou conforme o ambiente. No trajeto urbano, o índice chegou a 17,2%, enquanto na totalidade do percurso foi de 7,7%.

O professor Jadson Cláudio Belchior, coordenador da pesquisa, explica que a tecnologia está em fase de otimização para aumentar a eficiência. “Se o controle da temperatura já estivesse ajustado, poderíamos ter capturado entre 27% e 35% de CO₂”, afirma. Segundo ele, a temperatura ideal para a captura do gás pelo material cerâmico é de aproximadamente 100°C.

Potencial para aplicação prática
Os pesquisadores acreditam que, com investimentos adequados, um protótipo da tecnologia poderia ser desenvolvido ainda este ano e apresentado na COP 30. “Seria muito legal se conseguíssemos até o final do ano um protótipo funcional. Falta muito pouco: apenas definir o reator onde o material será inserido, ajustar o controle de temperatura e instalar nos caminhões. Esse é um pequeno passo para a indústria atual”, destaca Belchior.

Impacto ambiental e reconhecimento do setor de transporte
O avanço tecnológico foi bem recebido pelo setor de transporte de cargas. Walter Cerqueira, assessor jurídico-ambiental do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), considera a pesquisa essencial para a mitigação do aquecimento global. “O Setcemg vê com muito bons olhos tecnologias que reduzem a emissão de gases de efeito estufa, como o CO₂. Estamos muito satisfeitos em ver a ciência mineira oferecendo soluções sustentáveis”, diz.

Ele ressalta que os transportadores já investem em sustentabilidade, por meio da modernização da frota, substituição de combustíveis e treinamentos em direção ecoeficiente.

Como funciona a tecnologia?
A captura do CO₂ ocorre através da instalação de um reator nos caminhões, onde são armazenadas pequenas esferas de material absorvente. Esse material reage quimicamente com o gás, retendo-o em condições específicas de temperatura. Dessa forma, o dióxido de carbono liberado pelo motor do caminhão não é emitido diretamente na atmosfera.

Além disso, o CO₂ capturado pode ser regenerado e reutilizado por diversas indústrias, como a química e a de alimentos, garantindo um reaproveitamento sustentável do gás.

Evolução da pesquisa
A tecnologia teve seu primeiro avanço significativo em 2007, quando os pesquisadores depositaram uma patente para um material cerâmico capaz de capturar CO₂ a 600°C. Entre 2015 e 2018, com o apoio de empresas como Petrobras e Fiat (hoje Stellantis), a temperatura de captura foi reduzida para 300°C.

Em 2021, uma nova fase do projeto começou em parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e uma indústria automotiva. Em 2022, a iniciativa recebeu recursos do Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística do Governo Federal, permitindo novos avanços. Atualmente, a tecnologia consegue capturar CO₂ a apenas 100°C, tornando sua aplicação industrial ainda mais viável.

Registro de patente e perspectivas futuras
O mais recente pedido de patente da tecnologia foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 23 de janeiro. Desde o início das pesquisas, cerca de 20 patentes foram concedidas no Brasil e nos Estados Unidos, garantindo a proteção intelectual dos avanços alcançados.

Dentre as inovações, destaca-se o aumento da resistência mecânica do material, permitindo que ele suporte múltiplos ciclos de captura e regeneração do CO₂. Com isso, a tecnologia se mostra promissora para aplicações em larga escala, impulsionando a sustentabilidade no setor de transportes e reduzindo significativamente as emissões de gases de efeito estufa.


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