Redes sociais de Trump viram palco de protesto brasileiro após tarifa de 50%

A recente decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros desencadeou uma onda de manifestações digitais por parte de usuários do Brasil. O movimento ganhou ainda mais força após a divulgação de uma carta direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual Trump critica duramente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-o como uma \"caça às bruxas\" e uma \"desgraça internacional\".

A reação foi imediata: comentários em português tomaram conta das publicações de Trump e de sua esposa, Melania Trump, com frases como \"Respeite o Brasil\", \"Viva o Brics\" e \"Brasil é soberano\". Até postagens antigas e que não tinham qualquer ligação com a crise comercial passaram a ser alvo de protestos. No perfil de Melania, por exemplo, mensagens como \"mexeram com o país errado\" e \"deixem o Brasil em paz\" dominaram o espaço de comentários.

Em uma das postagens de Trump sobre sua visita ao Texas após as enchentes, os brasileiros transformaram a área de comentários em um protesto político. Situação semelhante ocorreu em um post de Melania sobre um audiobook gerado por inteligência artificial. A ausência de novas publicações após o anúncio da tarifa — feito em 9 de julho — fez com que internautas passassem a comentar até mesmo em conteúdos datados de janeiro, abril e maio. Todas as 39 publicações feitas por Trump desde 14 de junho receberam mensagens relacionadas ao Brasil.

O episódio gerou reações também dentro do território nacional. Especialistas ouvidos ao longo da semana afirmaram que a imposição da tarifa não se trata de uma simples retaliação por questões jurídicas internas brasileiras, mas sim de uma resposta à postura adotada pelo Brasil durante a última reunião do Brics. Na ocasião, o governo brasileiro sugeriu o abandono do dólar em acordos comerciais entre os países-membros, o que, segundo analistas, poderia enfraquecer a economia americana.

\"A reunião do Brics ocorrida na semana passada aqui no Brasil o governo Lula insinuou ser desnecessária a atrelação do dólar nos acordos comerciais entre os países, o que, obviamente, enfraquece toda a economia americana\", explicou o especialista em comércio exterior Felipe Bocayuva.

A resposta da população brasileira foi marcada por um sentimento de indignação tanto com a tarifa quanto com o apoio explícito de Trump a Bolsonaro. Muitos comentários também criticavam o ex-presidente brasileiro, pedindo sua prisão e ironizando sua tentativa de articulação internacional. Internautas apontaram o gesto de Trump como uma interferência indevida no sistema jurídico de outro país.

Até o momento, nem Donald nem Melania Trump comentaram publicamente sobre a ofensiva brasileira em suas redes. Ainda assim, a presença de mensagens críticas continua crescendo, atingindo até mesmo postagens sobre o 4 de Julho, conflitos com o Irã e aprovações legislativas nos Estados Unidos. Os protestos digitais seguem firmes, com emojis da bandeira brasileira e constantes menções ao Brics dominando os perfis dos ex-ocupantes da Casa Branca.

Enquanto isso, estados brasileiros como Minas Gerais estão entre os mais afetados economicamente pela nova tarifa, ampliando ainda mais o impacto da medida e o alcance dos protestos.