Especialistas alertam: hipertensão arterial também ocorre na infância
A identificação do tipo de hipertensão é essencial para definir o tratamento adequado.
Por Plox
17/05/2024 18h41 - Atualizado há 6 meses
Embora a hipertensão arterial seja mais comum em adultos, afetando cerca de 30% da população brasileira, a condição também pode acometer crianças. O presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Jorge Afiune, alertou que, apesar de menos prevalente na infância, a pressão alta em crianças é uma realidade que precisa ser abordada de maneira mais proativa.
De acordo com Afiune, a hipertensão infantil muitas vezes não é investigada de forma rotineira devido à sua menor frequência nessa faixa etária. "Isso pode levar a atrasos no diagnóstico em crianças que poderiam se beneficiar de correções precoces ou iniciar tratamentos que controlem a hipertensão antes que se torne mais grave no futuro", explicou.
Importância da Detecção Precoce e Prevenção
Em comemoração ao Dia Mundial da Hipertensão Arterial, celebrado nesta sexta-feira (17), a diretora médica do Pro Criança Cardíaca, Isabela Rangel, enfatizou a importância da detecção precoce e prevenção da hipertensão arterial em crianças e adolescentes. "É essencial conscientizar que crianças também podem ter hipertensão arterial e que o diagnóstico precoce é crucial. Toda criança deve ter sua pressão arterial medida durante as consultas pediátricas", afirmou.
Isabela destacou que a medição da pressão arterial deve ser uma prática de rotina nas consultas pediátricas, inclusive no período neonatal. "Muitos pacientes são atendidos sem que a pressão arterial seja verificada. Sem essa medição, uma condição assintomática pode passar despercebida", alertou.
Tipos de Hipertensão Arterial em Crianças
Isabela Rangel explicou que o diagnóstico correto da hipertensão arterial é fundamental para determinar se a doença é primária ou secundária. A hipertensão primária é multifatorial, frequentemente associada a uma história familiar positiva e fatores ambientais, como a obesidade. Já a hipertensão secundária resulta de doenças identificáveis, como a estenose da artéria renal ou coartação da aorta. A identificação do tipo de hipertensão é essencial para definir o tratamento adequado.
Segundo Isabela, a hipertensão arterial secundária pode afetar até recém-nascidos, sendo necessária a intervenção imediata nos casos mais graves.
Estatísticas e Fatores de Risco
Dados nacionais indicam que entre 3% e 15% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem de hipertensão arterial. Jorge Afiune estima que o número mais realista seja entre 3% e 5%, variando conforme a fonte e a população analisada. O aumento de casos entre adolescentes está associado ao sobrepeso e obesidade, cuja prevalência atinge 25% a 30%.
Afiune explicou que a hipertensão em adultos está aparecendo mais cedo nas crianças devido às mudanças no estilo de vida. Os fatores de risco incluem sedentarismo, excesso de peso, obesidade, excesso de tempo de tela e a falta de políticas públicas para incentivar a atividade física e esportes. Estes problemas são mais comuns nas classes média e baixa, que têm menos acesso a soluções para o problema.
Orientações e Medidas Preventivas
Para crianças abaixo de 3 anos, a medição da pressão arterial é recomendada apenas em casos suspeitos de doenças cardíacas, renais ou em prematuros. Após os 3 anos, a SBP orienta que as crianças façam acompanhamento pediátrico anual, incluindo a medição da pressão arterial. "A partir dessa aferição, podemos identificar alertas importantes", ressaltou Afiune. Ele acrescentou que crianças com sobrepeso e pressão alta requerem atenção especial, pois a intervenção precoce, geralmente no estilo de vida e alimentação, pode evitar a necessidade de medicamentos.
Concluindo, a detecção precoce e a prevenção da hipertensão arterial em crianças são essenciais para evitar complicações futuras e garantir um desenvolvimento saudável.