PL da Anistia divide Congresso em disputa acirrada
Oposição critica denúncia contra Bolsonaro e defende anistia, enquanto governistas reforçam gravidade das acusações
Por Plox
20/02/2025 10h25 - Atualizado há 3 meses
O debate político em Brasília esquentou nesta quarta-feira (14) com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas, acusadas de tentativa de golpe de Estado. O tema gerou intensas discussões no Congresso, com parlamentares da oposição e da base governista se enfrentando em discursos e manifestações.

Oposição chama denúncia de "ficção" e defende anistia
No plenário da Câmara, deputados aliados a Bolsonaro classificaram a denúncia como uma "peça de ficção" e questionaram as provas apresentadas pela PGR. Um grupo de parlamentares ligados ao ex-presidente realizou um ato no Salão Verde da Câmara, segurando cartazes com frases como "Anistia já!" e "Perseguição política".
O deputado Coronel Zucco (PL-RS), líder da oposição na Casa, leu um manifesto criticando as acusações. "A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o nosso presidente Jair Bolsonaro pela suposta tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes alegados, mas jamais comprovados, representa mais um degrau nessa escalada criminosa contra a liberdade dos brasileiros. (...) Trata-se de uma série de acusações desprovidas de evidências concretas que sustentem as graves acusações imputadas. Uma verdadeira peça de ficção", afirmou.
No Senado, o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), defendeu o Projeto de Lei da Anistia, que tramita na Câmara, argumentando que as penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro foram excessivas. "Não somos favoráveis à depredação, ao vandalismo de prédios públicos. Achamos que quem fez, e foi provado através da individualização das culpas, deve ser responsabilizado. Mas não com 17 anos, 15 anos, 14 anos", declarou.
Governo reforça gravidade das acusações
Em resposta à oposição, deputados governistas, incluindo Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), realizaram um pronunciamento no mesmo local, segurando cartazes com a frase "Sem anistia" e charges contra Bolsonaro.
Lindbergh Farias enfatizou a seriedade das denúncias. "Ninguém aqui está comemorando, festejando porque o ex-presidente foi denunciado, vai ser julgado e vai ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal. (...) Os fatos aqui são gravíssimos. Esta é uma das páginas mais tristes da história deste país", disse.
Gleisi Hoffmann ressaltou que Bolsonaro teria conhecimento de um suposto plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. "E é estarrecedor saber também em detalhes que Bolsonaro foi consultado sobre o plano para assassinar o presidente Lula. Para assassinar Alckmin, para assassinar Alexandre de Moraes. E anuiu com isso. Está lá na denúncia. Nós estamos diante de um fato muito grave contra a democracia", afirmou.
Lula mantém postura cautelosa
No Palácio do Planalto, o presidente Lula evitou comentários mais incisivos sobre o caso. "O que eu posso dizer é que, neste país, no tempo em que eu governo o Brasil, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência. Se provarem que não tentaram dar golpe e que não tentaram matar o presidente, o vice e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ficarão livres e serão cidadãos que poderão transitar pelo Brasil inteiro", disse em entrevista a jornalistas.
Lula acrescentou que caberá à Suprema Corte decidir o desfecho do processo. "Se na hora que os juízes forem julgar, chegarem à conclusão que são culpados, eles terão que pagar pelo erro que cometeram", completou.