"Bebê Rena": Governo britânico alerta Netflix sobre lei de privacidade com série
O chefe de política da Netflix defendeu a integridade artística da série, mas críticos argumentam que deveria haver mais cautela e respeito pelos envolvidos.
Por Plox
20/05/2024 19h15 - Atualizado há 6 meses
A série "Bebê Rena", da Netflix, tornou-se um fenômeno global, mas também gerou polêmica devido às alegações de que personagens foram baseados em pessoas reais sem o seu consentimento. Fiona Harvey, que afirma ser a inspiração para uma das vilãs, ameaça processar a plataforma e o criador do programa, Richard Gadd.
Entrevista reveladora
No dia 9 de maio, Fiona Harvey, de 58 anos, participou do programa "Piers Morgan Uncensored" e expressou sua indignação. "Isso já tomou conta da minha vida. Acho isso horrível, misógino. Algumas das ameaças de morte foram realmente terríveis", afirmou Harvey, que foi amplamente ridicularizada pelos espectadores durante a entrevista.
Harvey é apontada por detetives da internet como a verdadeira Martha Scott, a perseguidora retratada na série. Ela negou as acusações de perseguição, admitindo ter enviado apenas "cerca de 18" tuítes para Gadd e participado de “brincadeiras” no bar onde ele trabalhava, mas agora planeja tomar medidas legais contra a Netflix e Gadd.
A história por trás da série
"Bebê Rena" é baseada em eventos reais da vida de Richard Gadd, que afirma ter sido alvo de uma perseguidora na década de 2010. Durante três anos, a mulher teria enviado mais de 41 mil e-mails e 350 horas de mensagens de voz, além de aparecer em seus locais de trabalho e assediar seus pais. A série, que adapta esses eventos, foi um sucesso inesperado, atingindo 60 milhões de visualizações em um mês.
Gadd comentou ao "Daily Record": "Realmente adorei e pensei que seria uma pequena joia artística e cult na plataforma Netflix, talvez. Mas, da noite para o dia, foi uma loucura. Parecia que um dia eu acordei e todo mundo estava assistindo".
Polêmica e questões legais
A identificação de Harvey como a possível inspiração para Martha Scott desencadeou uma onda de críticas sobre a ética e a responsabilidade da Netflix e de Gadd. Apesar das declarações de que todos os esforços foram feitos para proteger as identidades reais, espectadores descobriram a verdadeira identidade da personagem.
Benjamin King, chefe de política da Netflix, afirmou em uma audiência parlamentar que a plataforma tomou "todas as precauções razoáveis". No entanto, a questão sobre se a Netflix cumpriu com o dever de cuidado necessário permanece em aberto. Jake Kanter, do site Deadline, argumentou que a Netflix deveria ter informado os indivíduos reais antes de lançar a série.
Regulamentação e devida diligência
A controvérsia levantou discussões sobre a regulamentação das plataformas de streaming. A nova lei de mídia do Reino Unido pode exigir que a Netflix e outras plataformas sigam os mesmos padrões de conformidade que as emissoras tradicionais até 2026.
O caso de Fiona Harvey é um exemplo das complexidades envolvendo a adaptação de histórias reais para a ficção. Como explicou o advogado Daniel Taylor, "se Fiona Harvey for identificável como o indivíduo retratado, então a Netflix será responsável pela forma como ela é retratada".
Impacto na indústria
A situação destacou a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa na adaptação de histórias reais. O chefe de política da Netflix defendeu a integridade artística da série, mas críticos argumentam que deveria haver mais cautela e respeito pelos envolvidos.
A polêmica em torno de "Bebê Rena" provavelmente influenciará futuras produções e a forma como histórias reais são retratadas na televisão e no streaming, exigindo um equilíbrio entre a liberdade criativa e a responsabilidade ética.