"Porta do Inferno" cresce na Sibéria e intriga pesquisadores

Estudo revela impacto significativo das mudanças climáticas na região, com liberação anual de toneladas de carbono na atmosfera

Por Plox

21/05/2024 12h55 - Atualizado há 6 meses

A cratera Batagaika, na Sibéria, conhecida popularmente como "porta do inferno", está se expandindo a uma velocidade alarmante de até um milhão de metros cúbicos por ano devido ao derretimento do permafrost. Este fenômeno, que está liberando toneladas de carbono na atmosfera anualmente, foi detalhado em uma nova pesquisa realizada por uma colaboração internacional de cientistas alemães e russos.

Foto: Nasa

 

Descoberta em 1991 por imagens de satélite, a cratera de um quilômetro de extensão está localizada na remota República de Sakha, na região oriental da Rússia. O derretimento do permafrost, que permaneceu congelado por 650 mil anos, é considerado o segundo mais antigo do mundo. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) explica que sumidouros como este geralmente ocorrem quando a rocha subterrânea se dissolve em água, formando depressões termocársticas.

A pesquisa publicada no jornal científico "Geomorphology" mostrou que a cratera, que já cresceu 200 metros desde 2014, atinge atualmente uma largura de 990 metros. O estudo, conduzido por cientistas da Universidade Estatal de Lomosonov, em Moscou, e do Instituto Melnikov para o Permafrost, utilizou um modelo geológico em 3D para quantificar a taxa de derretimento, revelando que a parede da encosta está retrocedendo cerca de 12 metros por ano.

Além do impacto visível na paisagem, o derretimento do permafrost subjacente à cratera Batagaika é um sinal claro do aquecimento global. À medida que essas camadas congeladas se descongelam, a matéria orgânica aprisionada se decompõe, liberando dióxido de carbono na atmosfera. A Batagaika sozinha libera cerca de 5 mil toneladas de carbono a cada ano, totalizando 169,5 mil toneladas desde a década de 1970 até 2023.

A rápida expansão da cratera é uma preocupação não apenas pelo carbono liberado, mas também pelo potencial de liberar antigos micróbios perigosos, reforçando a urgência de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Este fenômeno destaca a fragilidade de nosso ecossistema global e a necessidade de ações imediatas para compreender e combater as consequências do aquecimento global.

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