Pela primeira vez, corações humanos são gerados em porcos

Um marco inédito foi alcançado por cientistas ao conseguirem desenvolver corações formados por células humanas em embriões de porcos, que permaneceram vivos por até 21 dias. Nesse período, os pequenos órgãos chegaram a bater, marcando um passo significativo no campo da medicina regenerativa.

Foto: Pixabay

A descoberta foi apresentada recentemente durante a conferência anual da Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco, realizada em Hong Kong. A pesquisa tem como principal motivação enfrentar a crescente escassez de órgãos disponíveis para transplantes em todo o mundo.

Para isso, os cientistas recorreram a uma técnica que consiste na modificação genética dos embriões suínos, retirando genes essenciais à formação de determinados órgãos — neste caso, o coração. Em seguida, células-tronco humanas são introduzidas nos embriões, ocupando esse espaço vazio e originando o órgão desejado com material celular humano.

Ainda que os embriões tenham sobrevivido por apenas 21 dias, os corações humanos em desenvolvimento alcançaram tamanhos compatíveis aos esperados para essa fase embrionária. A perspectiva agora é aprimorar o processo até que seja possível gerar órgãos totalmente funcionais e prontos para transplante.

No entanto, para que esses corações possam ser usados clinicamente, será necessário garantir que eles sejam compostos exclusivamente por células humanas. Isso evitaria rejeições causadas pelo sistema imunológico do receptor. Apesar de os cientistas não terem divulgado a proporção exata de células humanas nos corações desta pesquisa, estudos anteriores em rins humanos cultivados em porcos apontaram que entre 40% e 60% do tecido era humano, com o restante ainda derivado do animal.

Os porcos seguem sendo os animais preferidos para esse tipo de experimento devido à similaridade anatômica e de tamanho de seus órgãos com os dos humanos. Em experimentos anteriores, rins humanos também foram gerados em embriões suínos, que chegaram a se desenvolver por até um mês em porcas prenhes.