Investigação sobre tentativa de golpe começou com acesso ao cartão de vacina de Bolsonaro
Apuração levou à denúncia de Jair Bolsonaro e outros 33 investigados. Caso foi encaminhado ao STF nesta semana.
Por Plox
22/02/2025 13h59 - Atualizado há 3 meses
A investigação que resultou na denúncia de 34 pessoas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) teve início de maneira inusitada: um pedido de acesso ao cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. A apuração começou na Controladoria-Geral da União (CGU) por meio de um pedido baseado na Lei de Acesso à Informação (LAI).

O então ministro da CGU, Wagner do Rosário, ao analisar os dados, encontrou três registros de vacinação contra a Covid-19 em nome de Bolsonaro, contradizendo suas declarações públicas de que não havia tomado o imunizante. Quando deixou o cargo, Rosário repassou a informação ao seu sucessor, Vinícius de Carvalho, que determinou a abertura de uma Investigação Preliminar Sumária (IPS) em 25 de janeiro de 2023.
À medida que a apuração avançava, a CGU comunicou a Polícia Federal, que, no dia 3 de maio de 2023, deflagrou a Operação Venire. A ação resultou na prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e na apreensão de seu celular.
O aparelho se tornou peça-chave no desdobramento do caso, revelando uma série de evidências que indicavam não apenas a falsificação de dados, mas também movimentações relacionadas à tentativa de golpe de Estado.
A partir das provas coletadas, descobriu-se que o general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, esteve diretamente envolvido no esquema. As informações levaram Mauro Cid a firmar um acordo de delação premiada, oficializado em 28 de agosto de 2023.
Com os novos elementos, a Polícia Federal deflagrou, em 8 de fevereiro de 2024, a Operação Tempus Veritatis, que teve como alvos principais oficiais militares. Entre eles, estava o general Mário Fernandes, identificado como responsável pelo plano "Punhal Verde e Amarelo", cuja execução previa a ruptura institucional no país.
No desenrolar das investigações, ex-comandantes das Forças Armadas prestaram depoimentos, confirmando pressões exercidas por Bolsonaro para a concretização do golpe. Os relatos fortaleceram as provas que culminaram na Operação Contragolpe, voltada para militares das Forças Especiais, os chamados "kids pretos".
Mauro Cid foi novamente chamado a depor e, dessa vez, mencionou o suposto repasse de dinheiro feito pelo general Braga Netto, entregue em uma caixa de vinho, além da tentativa do militar de obter detalhes sobre a delação firmada.
O avanço das investigações levou à prisão de Braga Netto em dezembro de 2024, configurando um dos últimos atos dessa fase da apuração.
Agora, em fevereiro de 2025, a PGR formalizou a denúncia contra Bolsonaro e outros 33 investigados, encaminhando o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde será analisado e julgado.