O cenário das exportações brasileiras de carne de frango sofreu novas alterações após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, registrado em 15 de maio. O Ministério da Agricultura atualizou nesta sexta-feira (23) a lista dos países que restringiram a entrada do produto nacional, decisão que coloca o setor em estado de atenção.

Bloqueios ampliados e novos países na lista

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Foto: Reprodução

Na atualização mais recente, Albânia, Namíbia e Índia, apesar de não figurarem entre os grandes compradores do frango brasileiro, impuseram bloqueio total à importação da carne de frango oriunda de todo o território nacional. Por outro lado, Angola anunciou restrição mais pontual, limitando o embargo às cargas provenientes somente do Rio Grande do Sul.

Os efeitos desses bloqueios variam conforme a abrangência das restrições impostas. Enquanto algumas nações determinaram o veto absoluto sobre o produto nacional, outros países optaram por medidas regionais. Emirados Árabes Unidos e Japão, por exemplo, proibiram as compras exclusivamente do município de Montenegro, resultando em impacto reduzido sobre o fluxo de exportações, já que há apenas um frigorífico exportador na região e este se encontra fora do raio de 10 km do local afetado. Essa informação foi detalhada por Marcel Moreira, secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

Impacto no mercado de ovos é menor

Segundo o secretário, as restrições atingem principalmente as vendas externas de frango, já que o Brasil destina apenas cerca de 1% da sua produção de ovos ao mercado internacional. Entre os cinco principais compradores desse produto, apenas o Chile — segundo maior destino — suspendeu temporariamente as importações. Já Estados Unidos, Emirados Árabes, Japão e México mantêm as compras normalmente.

Maior exportador mundial mantém status

Brasil mantém a liderança como maior exportador de carne de frango do planeta. As restrições externas são mecanismos para evitar a propagação da gripe aviária para granjas de outros países. Autoridades brasileiras reforçam que não existe risco à segurança alimentar, e que tanto a carne de frango quanto os ovos seguem próprios para consumo.

Desinfecção concluída e próximos passos

O procedimento de desinfecção da granja de Montenegro foi finalizado no dia 21 de maio. Agora, o país entra em um período de monitoramento. Caso nenhum novo registro da doença seja detectado nos próximos 28 dias, o Brasil poderá voltar a declarar-se livre da enfermidade. No entanto, o fim desse prazo não significa retorno automático ao antigo mercado, alerta o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

"Muitos países vão buscar esclarecimentos, retirar dúvidas, e esse processo é comum." - Carlos Fávaro, ministro da Agricultura.

Atualização das restrições comerciais

As restrições se dividem entre bloqueios para carne de aves de todo o Brasil, embargos voltados apenas ao Rio Grande do Sul e, em alguns casos, proibições localizadas como em Montenegro — município que, atualmente, não conta com frigoríficos exportadores dentro da área de risco.

Especialistas lembram que, embora as perdas no curto prazo sejam limitadas, o cenário exige atenção de todo o setor produtivo. O futuro das exportações dependerá da confiança dos mercados internacionais na segurança sanitária do produto brasileiro.