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O olhar de Sebastião Salgado sobre a Mata Atlântica: um legado que floresce em Aimorés

Fotógrafo transformou paisagem devastada em símbolo de esperança ao lado de Lélia Wanick, mudando a história ambiental do Vale do Rio Doce.

23/05/2025 às 17:44 — por Redação Plox

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No dia 23 de maio, aos 81 anos, Sebastião Salgado se despediu do mundo, mas deixa um legado que permanece enraizado na paisagem e na memória ambiental do Brasil. Ao lado da esposa, Lélia Wanick, o fotógrafo decidiu, em 1998, desafiar a aridez da Fazenda Bulcão, propriedade de sua família em Aimorés, Minas Gerais, e apostar no renascimento da Mata Atlântica.


A floresta restaurada na Fazenda Bulcão, símbolo de esperança e vida silvestre em Aimorés, Minas Gerais.
A floresta restaurada na Fazenda Bulcão, símbolo de esperança e vida silvestre em Aimorés, Minas Gerais.
Foto: Reprodução


Do deserto verdejante à reserva de vida


Entre mudas, sementes e desafios, o casal promoveu uma transformação admirável. A antiga paisagem árida deu lugar a uma floresta densa, resultado direto do plantio de aproximadamente 2,7 milhões de árvores nativas ao longo de mais de duas décadas. Esse esforço tornou possível a restauração de cerca de 600 hectares, devolvendo ao local a biodiversidade e a exuberância perdidas.


A área antes estéril se converteu em refúgio para centenas de espécies animais e vegetais, algumas delas ameaçadas de extinção, provando que a ação humana pode reparar danos profundos à natureza.


A atuação de Salgado e Lélia não se limitou ao reflorestamento: a força do projeto impulsionou a criação do Instituto Terra, uma ONG de referência no país.


Reserva e método: a fábrica de florestas


A Fazenda Bulcão foi transformada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), iniciando um modelo de restauração ecossistêmica que se tornou referência. Ali, o solo que antes não sustentava nem mesmo pasto testemunhou, após anos de trabalho, o retorno de felinos, macacos e aves raras, indicadores fiéis de uma floresta jovem, mas já plenamente formada.


"Cuidamos com muito carinho, porque é preciso ter certeza de que vão se desenvolver de maneira forte, saudável, recebendo tudo aquilo de que elas precisam." - disse Isabela Salton, então diretora executiva do Instituto Terra.


O ciclo começava com a coleta das sementes, realizada até mesmo com auxílio de rapelistas, passando por seleção em laboratório, conservação em câmaras frias e o cultivo das mudas em viveiros – uma autêntica fábrica de floresta, alimentada pelo trabalho de meses até o plantio coletivo durante as chuvas.


"Quando chegam os felinos e os macacos, é porque toda a cadeia alimentar está pronta. Eles têm o que comer. Essa floresta é uma floresta jovem, mas ela está formada." - afirmou Lélia Wanick em entrevista ao Globo Repórter.


Cuidar das águas: a missão do Olhos D’Água


O compromisso do casal Salgado com a natureza não parou nas árvores. Em 2015, o projeto Olhos D’Água já havia restaurado nascentes do Rio Doce em sete municípios mineiros. Naquele momento, a meta ambiciosa era recuperar todas as 370 mil nascentes do rio, essencial para o sustento de comunidades e da biodiversidade regional.


A restauração da Fazenda Bulcão mostrou ao Brasil que persistência, ciência e paixão podem transformar cenários devastados em patrimônio vivo, devolvendo ao Vale do Rio Doce e ao país a esperança de um futuro mais verde.



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