Bailarina mineira alcança posição de solista em companhia americana

Laura Mendes supera preconceitos e dificuldades financeiras para brilhar na Visceral Dance Chicago.

Por Plox

24/05/2024 19h45 - Atualizado há 6 meses

Desde agosto do ano passado, Laura Mendes, mineira de Belo Horizonte, faz parte da Visceral Dance Chicago, uma das companhias de dança mais renomadas do Meio-Oeste dos Estados Unidos. Em pouco mais de cinco meses, a jovem de 23 anos se tornou solista, destacando-se como a única brasileira e uma das duas integrantes negras da companhia.

Foto: Omar Z Robles/ reprodução/ Instagram

Trajetória de perseverança e talento

Laura Mendes, que interpreta a personagem-título de "Carmen.maquia", baseada na icônica cigana da ópera de Georges Bizet, sempre demonstrou uma determinação inabalável. "Falar português de vez em quando é muito bom", comemora Laura, após um ensaio na companhia americana. Desde pequena, ela sabia que seu destino estava no balé. Aos 11 anos, retornou à dança após uma breve passagem pela natação. "Na verdade, comecei com quatro anos, mas achava um saco. Aí fui para a natação... pedi para voltar", relembra.

Primeiros passos e desafios financeiros

Após se matricular na escola de dança Marilu Dias, no bairro Dona Clara, Laura não parou mais de dançar. Incentivada pelas professoras, ela começou a participar de concursos. "Minhas professoras ficavam no pé de meus pais, dizendo que eu tinha muito talento", registra. Com a dança tendo custos elevados, Laura optou por um colégio técnico gratuito para poder se dedicar à sua paixão. Sua carreira começou a ganhar visibilidade no Festival de Dança de Joinville, onde conquistou o segundo lugar e oportunidades em comerciais.

Internacionalização da carreira

A primeira experiência internacional veio com a apresentação no festival de Tanzolynp, em Berlim. Determinada a alcançar maiores possibilidades, Laura participou de audições para escolas renomadas no exterior. Foi então que recebeu uma bolsa de mérito para a Joffrey Ballet School, em Nova York. "Era muito nova. Tinha acabado de fazer 17 anos. Foi muito difícil, porque eu não conhecia ninguém lá", lembra Laura, que enfrentou dificuldades financeiras e até um período de desnutrição.

Superação e reconhecimento

Na Joffrey Ballet School, Laura enfrentou e venceu preconceitos, destacando-se nos papéis principais e sendo escolhida para estampar a propaganda da escola. "Eles não vão olhar para a menina negra do Brasil que chegou lá do nada. Mas sou muito cabeça dura. Se eu faço uma coisa, quero ser sempre a melhor", afirma.

Após se formar, Laura encontrou uma nova oportunidade na Visceral Dance Chicago. "Foi uma benção. Agora tenho o meu security number, que é como se fosse o CPF, para poder receber (salário). Todo mundo é bem família aqui", comemora.

Sonhos futuros

Apesar de ainda trabalhar arduamente, Laura encontra tempo para se divertir e relaxar, especialmente com a chegada do bom tempo em Chicago. Embora tenha voltado a Belo Horizonte apenas uma vez, ela não planeja retornar ao Brasil profissionalmente. "Quero me estabelecer aqui, ter uma base aqui. Em cinco anos nos Estados Unidos, tive mais oportunidade do que todo tempo no Brasil".

 

 

 

 

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