Megacondomínios: cidades verticais transformam o urbanismo de São Paulo
Empreendimentos com milhares de unidades residenciais crescem 75% em 20 anos e moldam a dinâmica urbana da capital paulista.
Por Plox
25/02/2025 14h12 - Atualizado há 3 meses
Nos últimos anos, a paisagem urbana de São Paulo tem sido moldada por uma tendência crescente: os megacondomínios. Com dezenas de torres e milhares de moradores, esses empreendimentos funcionam como verdadeiras cidades dentro da cidade, oferecendo uma ampla gama de serviços e estruturas internas que reduzem a necessidade de deslocamento dos residentes.

Esse fenômeno habitacional se divide em dois principais perfis. De um lado, os condomínios-clube, projetados para oferecer luxo e conforto com diversas opções de lazer e comodidades. De outro, os condomínios econômicos, voltados para a população de renda mais baixa e localizados em regiões mais afastadas, onde o espaço para grandes empreendimentos ainda está disponível.
De acordo com um levantamento da Secretaria Municipal da Fazenda, a quantidade de megacondomínios na capital paulista cresceu 75% nas últimas duas décadas. Esse aumento reflete uma nova dinâmica do setor imobiliário, impulsionado tanto pelo desejo de segurança e infraestrutura quanto pela necessidade de soluções habitacionais em larga escala.
Um dos primeiros megacondomínios da cidade, o Portal dos Bandeirantes, localizado na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, exemplifica bem essa realidade. Com 27 torres e mais de 2,5 mil apartamentos, o complexo abriga aproximadamente 15 mil moradores. Internamente, o empreendimento conta com enfermaria, ponto de ônibus, supermercado, academia, áreas de lazer e até um sistema interno de distribuição de correspondências.
Outro grande projeto, o Grand Reserva, composto por 50 torres distribuídas em 25 condomínios menores, também reflete essa transformação urbana. Além das áreas comuns, os moradores contam com farmácias, mercadinhos, aluguel de bicicletas e uma estrutura voltada para facilitar a rotina diária sem a necessidade de sair do condomínio.
Já o Sete Sóis, empreendimento em construção na Zona Norte da cidade, promete ser um dos maiores do Brasil. Com previsão de 11 mil apartamentos, ele poderá abrigar cerca de 30 mil pessoas ao final da obra. O projeto, integrado ao programa Minha Casa, Minha Vida, busca oferecer moradias acessíveis e infraestrutura urbana planejada, como proximidade com transporte público e espaços de uso coletivo.
Apesar dos benefícios, urbanistas alertam para os desafios impostos por esses grandes empreendimentos. Especialistas apontam que a concentração populacional em megacondomínios pode gerar problemas de mobilidade e segregação urbana, além de exigir investimentos adicionais em infraestrutura e serviços públicos para atender às demandas locais. A legislação municipal tem tentado equilibrar esse crescimento com regras que exigem a destinação de áreas para espaços públicos, como praças e escolas, garantindo um desenvolvimento urbano mais sustentável.
O crescimento dos megacondomínios reflete uma mudança significativa na forma como as cidades se expandem. Se, por um lado, esses empreendimentos oferecem praticidade e segurança, por outro, trazem desafios que precisam ser enfrentados para garantir um planejamento urbano equilibrado e acessível para todos.