Estudante ipatinguense lança livro de poesias

A produção independente, sem a parceria de uma editora, leva a assinatura de Antônio Romero como criador, escritor, editor, diagramador e ilustrador

Por Plox

25/05/2024 18h11 - Atualizado há 6 meses

O estudante de Letras, Antônio Gabriel Garcia Romera, promove o lançamento do seu primeiro livro de poesia no próximo domingo (26), dia em que o escritor completa 24 anos.

A obra é uma compilação de poesias que ele escreve desde a adolescência. “Transformei a minha experiência pessoal e a minha conexão com Ipatinga nesse livro, Suspiros no profundo, buscando explorar e expressar os meus sentimentos mais profundos. Meus escritos propõem reflexões sobre a vida e a sociedade por meio da linguagem poética”, destaca Antônio, que contou com sua melhor amiga, a design Cindy Guinsberg, para conceber a obra.

Foto: Divulgação

 

A produção independente, sem a parceria de uma editora, leva a assinatura de Antônio Romero como criador, escritor, editor, diagramador e ilustrador. “Também assumi a divulgação, o lançamento e a revisão, que fiz à minha maneira, sem estar preso às regras do português”, comenta o escritor, que também assumiu a missão de vender os 250 exemplares do Suspiros no profundo, com 70 páginas.

Ainda sobre o processo criativo e a relação com as normas gramaticais, Antônio Romero conta que emprega letras maiúsculas no início de frases e muitos verbos e pronomes reflexivos, buscando conectar o leitor a sentimentos profundos. “Cada palavra eleita para compor as poesias, como vomitar-me, ou escolha estilística é intencional e possui um significado próprio, linkado com o que penso, sinto, busco manifestar”, frisa o poeta, que abraça a escrita como sua companhia.

“Meu processo criativo é muito solitário. Aprendi a apreciar a solidão como fonte de criatividade e autoconhecimento. A escrita é o caminho que escolhi para me expressar, e sempre senti a necessidade de compartilhar o que escrevo. Sei da importância, do valor do meu trabalho. Ele merece ser visto. Essa certeza, esse sentimento me motiva muito, apesar do desafio que é alcançar o reconhecimento como escritor e ainda como autor de textos que possam ser projetados em outros campos das artes, como no teatro, no cinema, na pintura, no grafite”, analisa Antônio Romera.

Foto: Divulgação

 

Ele recorda que investiu no ato de escrever por necessidade. “Na minha infância, aprendi a fabular. Eu era muito solitário. Minha adolescência foi complicada. Encontrei na escrita um espaço de alívio, desabafo, de expressar o que me atravessava como dor”.

 Antônio diz que, não só da solidão brota tudo que escreve, mas do exercício de contemplação de Ipatinga e da Usiminas. “Mantenho uma profunda conexão com a cidade e sua industrialização. Nossa alma é pó de ferro. O aço é a nossa essência, o que corre em nossas veias. Sempre estou captando algo da rotina, da realidade da cidade, traduzindo-a em poesia que valoriza o operário, o trabalho realizado na usina. Sou um fiel expectador desse cenário. Estamos aqui, nos estabelecemos na cidade por causa das chamas que saem das chaminés e, não, o contrário. O fogo não está ali por causa de nós. Tudo o que se move por aqui se movimenta em função da Usiminas. É ela que dá a dinâmica à cidade”.

Ainda sobre a sua obra, Antônio comenta que cada uma de suas poesias é um suspiro profundo trazendo à superfície sentimentos adormecidos. “Não é para os fracos de vísceras. A sociedade não permite, o tempo não permite, a pressa não permite que vivamos nada além da vida rasa. Por isso, considero um ato de rebeldia estimular a vivência de sentimentos profundos, sem o atropelamento do que o mundo nos oferta diariamente, o efêmero, o que voa”.

USP

Aos 17 anos, Antônio Romera foi aprovado no vestibular da USP para o curso de Letras, mas, no pico da pandemia da Covid-19, decidiu transferir a matrícula para a Faculdade Única, em Ipatinga, onde cursa o sétimo período.

Quanto aos principais escritores que inspira Antônio, ele cita Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Cesário Verde.

Além da paixão pela literatura, Antônio é apaixonado pela música brasileira, especialmente, pelas composições de Adriana Calcanhotto.

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