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Careca do INSS comprou 21 carros de luxo em dois anos, diz investigação

Polícia Federal aponta uso de compra e venda de veículos de alto padrão e imóveis como possível mecanismo de lavagem de dinheiro

28/09/2025 às 11:31 por Redação Plox

Um levantamento da Polícia Federal e documentos obtidos pela reportagem revelam que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido na investigação como o Careca do INSS, comprou pelo menos 21 veículos de luxo em um intervalo de dois anos junto à mesma concessionária em São Paulo.


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Os registros consultados apontam que o total desembolsado por esses automóveis ultrapassa R$ 11,1 milhões, com destaque para um Porsche 911 cotado em cerca de R$ 1,25 milhão. Entre os modelos adquiridos aparecem cinco Mercedes-Benz e quatro BMWs, marcas alemãs que, segundo especialistas do mercado de luxo, reúnem características valorizadas por compradores do segmento — exclusividade, tecnologia e alto desempenho.


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A Aielo Motors, loja localizada na Avenida dos Bandeirantes, na Vila Olímpia, confirmou que as vendas ocorreram, mas classificou as operações como transações comerciais rotineiras e informou não ter sido notificada pelas autoridades sobre o caso. Em nota oficial a empresa afirmou:
"Até o momento, a Aielo Motors não foi notificada, intimada ou citada por qualquer autoridade pública ou órgão competente acerca dos supostos fatos mencionados.\

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A investigação faz parte da Operação Sem Desconto, conduzida pela PF para apurar um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em diligências realizadas em dias distintos, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão contra o empresário e apreenderam parte da frota. O lobista já foi preso pela Polícia Federal e é apontado como figura central do escândalo; o caso também é tema da CPMI do INSS.


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Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) citam movimentações suspeitas envolvendo a concessionária — R$ 56 milhões registrados entre outubro de 2023 e maio de 2024 — e destacam, em especial, transações ligadas à Prospect Consultoria Empresarial, empresa ligada ao investigado. Segundo as autoridades, a Prospect teria sido utilizada para repassar propina a dirigentes do INSS e do Ministério da Previdência Social.


Documentos analisados pela PF mostram que o lobista recebia comissões altas por contratos com associações envolvidas nos descontos investigados. Um dos contratos indica que ele recebeu 27,5% sobre valores descontados de aposentados por uma das entidades investigadas; após o acordo, o faturamento mensal dessa associação saltou de R$ 574 mil para R$ 9,9 milhões.


A Polícia Federal ainda aponta pagamentos de propina a ex-dirigentes do INSS, entre eles o ex-diretor de Benefícios André Fidelis, o ex-diretor de Integridade Alexandre Guimarães e o ex-procurador-geral Virgílio Oliveira Filho. Além disso, a apuração revelou tentativas de lobby em outras pastas: o empresário chegou a atuar ao lado da herdeira Roberta Luchsinger em defesa de uma empresa de telessaúde, sem que contratos federais tenham sido firmados.


Nos últimos meses, o investigado constituiu uma nova empresa de call center voltada a operações de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, sediada em Brasília no mesmo endereço em que funcionavam outras firmas suas voltadas ao mesmo mercado.


A Aielo Motors, em sua nota, reiterou que as transações seguiram procedimentos e foram formalizadas, e disse estar à disposição para prestar esclarecimentos caso seja oficialmente acionada. A PF ressalta, no relatório, que os Relatórios de Inteligência Financeira identificam operações com indícios de ilícito, mas não equivalem por si só a uma sentença sobre a legalidade das movimentações.


Ficha do caso: as apurações envolvem compra e venda de veículos e imóveis como possíveis instrumentos de lavagem de dinheiro, mandados cumpridos em diferentes dias, apreensão parcial da frota do investigado e relatórios que indicam movimentações financeiras atípicas associadas à concessionária.


As investigações seguem em curso, e as autoridades trabalham para mapear toda a cadeia de transações e eventuais repasses a agentes públicos, preservando o sigilo das diligências enquanto diligências complementares são realizadas.


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