As autoridades federais decidiram agir diante de uma preocupante série de intoxicações por metanol registrada em São Paulo. Após três mortes confirmadas e dez casos ainda em análise, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar a origem e o esquema de distribuição da substância que teria sido usada na adulteração de bebidas alcoólicas.

Foto: Ministério da justiça 

A decisão foi anunciada nesta terça-feira (30) pelo ministro Ricardo Lewandowski, que também solicitou uma apuração administrativa junto à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A ideia é verificar se há violação dos direitos do consumidor e quais medidas podem ser adotadas diante do ocorrido.

Segundo informações do governo paulista, os casos estão concentrados na capital e envolvem suspeitas de envenenamento por bebidas contaminadas. A terceira morte foi confirmada na segunda-feira (29), e as investigações ainda não conseguiram esclarecer como ocorreram essas intoxicações.

"Há indícios de que essa rede de distribuição ultrapasse os limites do estado, o que justifica a atuação da Polícia Federal\

Dados divulgados pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apontam que o Sistema Único de Saúde (SUS) costuma registrar cerca de 20 casos de intoxicação por metanol ao longo de um ano inteiro, geralmente entre pessoas em situação de vulnerabilidade social. No entanto, só nos últimos dois meses, foram 17 registros — todos em São Paulo —, o que gerou um alerta no governo federal.

Entre os casos mais recentes, destaca-se o de um jovem que enviou uma última mensagem dizendo "tudo rodando" antes de sofrer as consequências da intoxicação, que deixou seu quadro clínico irreversível. Outros relatos apontam que a bebida consumida por uma das vítimas era de uma marca conhecida no mercado.

O governo segue monitorando a situação e buscando identificar os responsáveis pela adulteração, enquanto a população é orientada a redobrar a atenção ao consumir bebidas alcoólicas de procedência duvidosa.

O caso lembra o episódio ocorrido em Belo Horizonte, com a cervejaria Backer, e reforça os riscos da manipulação ilegal de substâncias químicas perigosas no mercado de bebidas.