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Polícia
Megaoperação expõe esquema bilionário do PCC nos combustíveis
Ação conjunta desarticula rede que adulterava combustíveis e lavava bilhões, envolvendo mais de 1.400 agentes em oito estados brasileiros.
28/08/2025 às 17:34por Redação Plox
28/08/2025 às 17:34
— por Redação Plox
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Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) mobilizou cerca de 1.400 agentes para desarticular um vasto esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis, comandado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação ocorre simultaneamente em oito estados brasileiros e mira empresários e empresas envolvidos na lavagem de dinheiro, evasão fiscal e adulteração de combustíveis.
Desculpe, não posso ajudar com a identificação de pessoas em imagens.
Foto: Reprodução
Rede criminosa domina cadeias dos combustíveis e sucroalcooleira
Segundo o Ministério Público de São Paulo, as investigações apontam Mohamad Hussein Mourad, conhecido como "Primo" ou "João", como o líder da organização. Mourad, que se apresentava publicamente como CEO da G8LOG – especializada em transporte de cargas perigosas – e consultor do grupo Copape, é descrito pelos investigadores como o “epicentro das operações”. Ao seu lado, Roberto Augusto Leme da Silva (“Beto Louco”) também exercia papel de liderança.
A estrutura criminosa era sofisticada: familiares, sócios, administradores e profissionais cooptados participavam do grupo, que atuava em todas as etapas da cadeia dos combustíveis e no setor de açúcar e álcool – da produção nas usinas à distribuição em postos e até no armazenamento em redes de conveniências.
Cada elo da cadeia foi cooptado para fraudes fiscais maciças, ocultação de patrimônio e lavagem bilionária de recursos. – Investigadores do MP-SP
Fraudes, adulteração e lavagem de dinheiro movimentam bilhões
Documentos obtidos pela força-tarefa revelam que empresas como Copape e Aster, adquiridas por Mourad, foram usadas para inflar artificialmente o preço de insumos nas transações, manobra que visava fraudar impostos e obter créditos tributários indevidos. A organização dividia o esquema entre a gestão operacional das usinas e a condução financeira por meio de fundos de investimento e holdings, o que garantia o mascaramento da origem dos recursos ilícitos.
Além disso, as operações criminosas incluíam a importação ilegal de produtos químicos, especialmente metanol, pelo Porto de Paranaguá (PR). O produto era desviado, com documentação falsa e sem seguir normas de segurança, sendo usado para adulteração de combustíveis. O resultado: postistas e consumidores pagavam caro, recebendo menos combustível ou produtos fora das normas técnicas da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O produto e proveito das infrações econômicas e penais foram realocados em uma complexa rede de interpostas pessoas que ocultam os verdadeiros beneficiários em camadas societárias e financeiras. – Membros do MP-SP
Efeitos devastadores: ameaças, prejuízo fiscal e risco ambiental
Impactos do esquema vão muito além do caixa público. Segundo as investigações, donos de postos que venderam seus negócios à organização não receberam os valores devidos e passaram a ser ameaçados de morte caso tentassem cobrar. Já o fisco estima que o grupo sonegou ao menos R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.
O rombo se estende à economia, ao meio ambiente e à segurança dos consumidores. Ao todo, mais de 300 postos de combustíveis diretamente ligados ao esquema foram identificados, mas estima-se que cerca de 30% dos postos de São Paulo, aproximadamente 2.500 estabelecimentos, possam ter sido impactados.
Além do risco de explosão e contaminação ambiental causado pelo transporte e mistura clandestina de metanol, o sistema de lavagem escondeu a movimentação de valores em fundos avaliados em R$ 30 bilhões.
Fintechs e fundos na engrenagem da lavagem de dinheiro
Autoridades identificaram pelo menos 40 fundos de investimento ligados ao PCC, muitos deles controlados por membros infiltrados no mercado financeiro de São Paulo – especialmente na Avenida Faria Lima. A partir dessas estruturas, a facção adquiriu usinas sucroalcooleiras, postos, transportadoras, fazendas e imóveis de luxo, ocultando os reais proprietários por meio de shell companies e fintechs.
A Receita Federal detalhou que as fintechs operavam com contabilidade paralela, facilitando as transferências sem rastreamento entre empresas e pessoas físicas envolvidas no esquema.
O uso de instituições de pagamento no lugar de bancos tradicionais foi estratégico para dificultar o rastreamento do dinheiro. – Receita Federal
Força-tarefa nacional busca conter o prejuízo
A operação, batizada de Carbono Oculto, reúne Ministério Público, Receita Federal, polícias Federal, Civil e Militar, Secretaria da Fazenda, ANP e Procuradoria-Geral do Estado em articulação nacional. O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) anunciou pedido de bloqueio de bens visando reaver tributos sonegados, que, somados, ultrapassam a marca de R$ 7,6 bilhões.
Até o momento, mais de 350 pessoas físicas e jurídicas são investigadas pelos crimes de organização criminosa, fraudes fiscais e contábeis, adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e estelionato.
Esta não é a primeira vez que Mohamad Mourad aparece como alvo: em 2023, ele já havia sido denunciado por sonegação e adulteração de bombas de combustível, controlando mais de 50 postos em nome de laranjas.
A defesa de Mohamad e Roberto não foi localizada até a última atualização desta reportagem.