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POLíTICA

Tensão entre EUA e África do Sul: Trump exibe vídeos e acusa país de 'genocídio branco'

Durante encontro com Cyril Ramaphosa na Casa Branca, presidente americano mostrou supostas evidências de crimes contra fazendeiros brancos, intensificando crise diplomática entre as nações

21/05/2025 às 20:47 — por Redação Plox

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A tensão entre Estados Unidos e África do Sul atingiu novo patamar nesta quarta-feira (21), quando o presidente americano Donald Trump recebeu o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa na Casa Branca e, num gesto incomum na diplomacia internacional, exibiu vídeos que supostamente mostrariam crimes contra brancos no país africano.


No centro da controvérsia está a acusação feita por Trump de que o governo sul-africano estaria promovendo um "genocídio branco" contra fazendeiros, especialmente durante a implementação de uma reforma agrária que visa corrigir desigualdades históricas na distribuição de terras.


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O governo sul-africano nega veementemente qualquer tipo de perseguição sistemática contra a população branca e rejeita a alegação de que esse grupo seja alvo desproporcional de crimes violentos. Especialistas em direitos humanos reforçam que não existem evidências concretas que sustentem as acusações do presidente americano.


Escalada de tensões diplomáticas


A crise entre os dois países não começou agora. Desde o início de 2025, Trump tem intensificado críticas públicas e adotado medidas punitivas contra o governo sul-africano. Em fevereiro, o presidente americano anunciou o corte da assistência financeira à África do Sul, sob a justificativa de que o governo local estaria "confiscando terras" e tratando "certas classes de pessoas muito mal".


A situação se agravou em março, quando o embaixador sul-africano nos Estados Unidos foi expulso do país, acusado de "explorar questões raciais". Na ocasião, o secretário de Estado Marco Rubio compartilhou uma reportagem sugerindo que o diplomata teria classificado Trump como líder de um movimento de supremacia branca.


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Um dos episódios mais controversos ocorreu em 12 de maio, quando 59 cidadãos brancos sul-africanos chegaram aos Estados Unidos com status de refugiados. Trump declarou publicamente que todos eram vítimas de "discriminação racial" em seu país de origem.


"Estamos oferecendo refúgio a pessoas que sofrem perseguição real, não aquela inventada pela mídia." - afirmou Trump na ocasião.

A decisão provocou forte reação de organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch classificou a medida como uma "distorção racial cruel", destacando que milhares de refugiados negros, muitos fugindo de zonas de guerra e perseguição comprovada, tiveram pedidos de asilo negados pelo governo americano no mesmo período.


Encontro tenso na Casa Branca


Durante o encontro desta quarta-feira, Ramaphosa demonstrou surpresa diante dos vídeos apresentados pela equipe da Casa Branca, afirmando que nunca havia visto aquelas imagens antes. O presidente sul-africano manteve sua postura de rejeitar as acusações.


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Após a reunião, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da África do Sul foi enfático ao declarar que não há "confisco de terras" no país, como alega Trump. De acordo com o jornal The New York Times, outro representante do governo sul-africano sugeriu que as alegações sobre "genocídio branco" poderiam ser esclarecidas através de uma investigação independente.


Contexto histórico e questão agrária


As acusações de Trump estão direcionadas especificamente à suposta perseguição de membros da comunidade afrikaner — grupo formado por descendentes de colonos europeus, principalmente holandeses, alemães e franceses, que migraram para a África do Sul no século 17. Atualmente, os afrikaners representam aproximadamente 4% da população sul-africana, cerca de 2,5 milhões de pessoas em um país com mais de 60 milhões de habitantes.


O pano de fundo dessa controvérsia é a profunda desigualdade na distribuição de terras, um legado do período colonial e do regime de apartheid que vigorou oficialmente até o início da década de 1990. Mesmo após três décadas do fim da segregação racial institucionalizada, os brancos ainda controlam uma parcela desproporcional das terras agrícolas do país.


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Dados recentes indicam que os brancos possuem aproximadamente três quartos das terras agrícolas de propriedade plena na África do Sul. Em contraste, a população negra, que representa mais de 80% dos habitantes do país, detém apenas 4% dessas áreas.


Para tentar corrigir esse desequilíbrio histórico, o governo sul-africano aprovou recentemente uma lei de reforma agrária. Elon Musk, bilionário nascido na África do Sul e aliado de Trump, criticou a iniciativa, classificando-a como "leis racistas de propriedade".


Refutação às alegações de genocídio


O governo da África do Sul tem negado consistentemente que esteja promovendo qualquer forma de perseguição sistemática contra a população branca. Nem mesmo o partido político que representa oficialmente os interesses dos afrikaners e da comunidade branca sul-africana endossa a narrativa de genocídio.


Segundo a BBC, informações falsas sobre um suposto genocídio branco na África do Sul circulam entre grupos de extrema-direita há muitos anos, incluindo durante o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021. Em fevereiro de 2025, um juiz sul-africano também refutou formalmente essa alegação em uma decisão judicial.


"As acusações de genocídio não encontram sustentação em qualquer evidência concreta ou análise jurídica séria." - declarou o magistrado em sua decisão.

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As estatísticas oficiais sobre violência na África do Sul contradizem a narrativa de perseguição racial contra brancos. De acordo com dados divulgados pela BBC, entre outubro e dezembro de 2024, foram registrados 6.953 assassinatos no país. Desse total, apenas 12 ocorreram em ataques a fazendas, sendo que somente uma das vítimas era um fazendeiro.


Especialistas em segurança pública destacam que a violência na África do Sul atinge indiscriminadamente todos os grupos raciais, com a grande maioria das vítimas sendo negras e de baixa renda. A alta criminalidade está mais relacionada a fatores socioeconômicos, como desigualdade e pobreza, do que a motivações raciais.



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