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Economia
PF faz operação na sede da Reag Investimentos por suspeita de lavagem de dinheiro ligada ao PCC
Gestora sediada na Faria Lima é alvo de mandados; investigação apura uso de fundos e fintechs em esquema bilionário de ocultação de bens do crime organizado.
28/08/2025 às 16:52por Redação Plox
28/08/2025 às 16:52
— por Redação Plox
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A sede da Reag Investimentos, localizada na Avenida Faria Lima, coração financeiro de São Paulo, foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quinta-feira (28). A ação faz parte de uma investigação que apura o envolvimento de fundos de investimento e fintechs na lavagem de dinheiro e ocultação de bens ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Gestora confirma alvo de investigação
Em comunicado enviado ao mercado nesta manhã, a Reag reconheceu a realização da operação e classificou como um procedimento investigativo em curso. A empresa, fundada em 2013 por João Carlos Mansur, figura entre as maiores gestoras independentes do Brasil, e administra um patrimônio de R$ 299 bilhões de diversos perfis de investidores. Ela se destacou ao ser a primeira gestora de patrimônio listada na bolsa brasileira.
A Reag Capital Holding S/A controla a Reag Investimentos e também a CiabraSF (ADMF3), outra holding que foi mencionada pela PF na investigação. Ambas se comprometeram a manter o mercado atualizado sobre o andamento da apuração.
As companhias manterão seus acionistas e o mercado informados sobre o desenvolvimento dos assuntos objeto deste fato relevante – Comunicado da Reag ao mercado
Crescimento e protagonismo no mercado financeiro
Com uma proposta de soluções financeiras sofisticadas e personalizadas, a Reag cresceu nos últimos anos incorporando empresas como Hieron, Berkana, Rapier, Quadrante e Quasar. Em 2024, adquiriu a Empírica Investimentos, especializada em crédito estruturado e FIDCs, entrando para o ranking das três maiores do setor, com cerca de R$ 25 bilhões sob gestão.
Além das aquisições, a gestora ganhou notoriedade ao investir na revitalização do Cine Belas Artes, tradicional cinema da capital paulista, que passou a ser chamado de REAG Belas Artes após o patrocínio.
Reag Belas Artes, patrocinado pela Reag Investimentos, em São Paulo. A empresa é alvo de investigação da PF por lavagem de dinheiro.
Foto: Reprodução
Novas estruturas e presença na Bolsa
Janeiro de 2025 marcou um novo capítulo para a empresa, que realizou a incorporação reversa da plataforma GetNinjas, convertendo-se em uma holding aberta na B3. Em seguida, a Reag Capital Holding anunciou a listagem da Companhia Brasileira de Serviços Financeiros (CiabraSF), também do grupo, sob o código ADMF3. A companhia abriu as operações administrando mais de 700 fundos e um patrimônio líquido de cerca de R$ 240 bilhões.
Outra empresa do grupo, a Reeve (RVEE3), foi listada na bolsa em abril deste ano. Em 2024, ganhou luz ao se associar à XP Investimentos e à Tauá Partners na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) da Portuguesa e assumir a revitalização do estádio do Canindé. No entanto, a Reeve não foi citada na operação da PF.
Operação mira lavagem bilionária com uso de fundos e fintechs
Pela manhã, a Polícia Federal desencadeou uma megaoperação para desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, comandado por membros do PCC. As investigações apontam que o grupo deixou de pagar mais de R$ 7,6 bilhões em impostos, com irregularidades detectadas em diferentes etapas da produção e distribuição de combustíveis em todo o país.
Mais de 40 fundos de investimento e diversas fintechs foram usados para lavar dinheiro, camuflar transações e esconder recursos do crime organizado.
Segundo a PF, centenas de empresas eram formalmente abertas para esconder a origem e o destino dos valores. O uso de fintechs — e não bancos tradicionais — dificultava o rastreio desses recursos pela fiscalização.
Brechas regulatórias e movimentação clandestina
As fintechs, segundo a Receita Federal, aproveitavam lacunas da regulamentação, possibilitando que o dinheiro ilícito proveniente de postos de combustíveis fosse integrado ao sistema financeiro com pouca transparência. Um mecanismo usado era a chamada conta-bolsão, que mistura recursos de vários clientes em uma só conta, dificultando a identificação dos titulares dos valores.
A Receita identificou fintechs que agiam como “bancos paralelos” para o PCC, movimentando mais de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024. Operadores do esquema também controlavam fintechs menores, lançando mão de uma segunda camada de ocultação e complexidade nas operações.
As fintechs funcionavam como um núcleo financeiro central da organização criminosa, mas invisível para fiscalização. – Investigação da Polícia Federal
Pagamentos entre distribuidoras, postos, fundos e despesas pessoais dos operadores transitavam sem segregação, o que favorecia a lavagem de dinheiro e dificultava o trabalho dos órgãos de controle.
Fortalecimento estrutural do crime com recursos ilícitos
Os valores movimentados ilegalmente eram usados principalmente para a compra de usinas sucroalcooleiras, distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis — ampliando a infraestrutura do grupo criminoso.
Após o processo de “lavagem financeira”, os lucros passavam a integrar fundos de investimento, alguns fechados e com apenas um cotista, possibilitando ainda mais camadas de ocultação e distanciamento dos reais beneficiários.
Segundo a Receita Federal, foram identificados pelo menos 40 fundos de investimento multimercado e imobiliários, com patrimônio de R$ 30 bilhões sob controle do grupo. A suspeita é que as administradoras desses fundos tinham conhecimento das irregularidades e deliberadamente não cumpriam obrigações fiscais para burlar a fiscalização.
Parte dos operadores do mercado financeiro estava ciente do esquema e contribuiu para ocultar a movimentação dos recursos. – Relatório da Polícia Federal
A investigação segue em andamento e pode atingir outros setores do mercado financeiro nos próximos meses.